sábado, 25 de fevereiro de 2012

A oficina do Mestre Descartes Gadelha

Blog do Laprovitera - Coluna do Macêdo

Descartes Gadelha.

Na oficina de render bronze, gente maquinada desanuvia mundo de prontidão sonhado que fora Conselheiro, um tal Antonio. De cá é outra luta. O tímpano de orquestra resolvido após vencimento do latão, posto a fazer amizade forçada com a fibra indócil. Bem ali, um barco enorme sonha o oceano e não vê a hora, enquanto o armador lunático passeia insone em roda da criatura, seu poema náutico. De lá, o pigmento derrotado cumpre com desmedida resignação os desígnios do seu dominador mutilado durante a bravura, mas intacto no seu destino. Quarto de pintar é o mesmo de sonhar, sonho é pintura na construção silogística de Gadelha que é também escultor, compositor, percussionista, escritor, artesão, inventor, estudioso e propagador de cultura, mas não é multimídia. Também não é próprio dizer que é artista completo, porque soará arrogante demais para um sujeito que transitou vida inteira de chinelo e bermuda pelo “Beco dos Pintos”. Descartes Gadelha é um Griô.

Descido dos oitizeiros da Tristão Gonçalves e caminhado até hoje, passado pela Rede Ferroviária, Escola de Samba Ispaia Brasa e incontáveis maracatus, Descartes Gadelha é restante dos quase setenta anos de muitas e boas. Passado e repassado na casca do alho, redemoinha seus inventos sonhando vertigem e costurando o tempo com pincel e tinta. Umas vezes poeta, outras vezes também.    

Obras de Descartes em exposição
MAUC - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - Sala Permanente
MOANA – Avenida Beira Mar, 4260
Casa do Sentir - Avenida Barão de Aracati, 457

Um comentário:

  1. Bravo Carlos Macêdo, seu artigo fala de Descartes de forma sintética e ao mesmo tempo com uma essência poética, o que é bem próprio de você.

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