domingo, 23 de setembro de 2012

Pelo amor de Deus


Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.

Conta-nos Orlando Mota que a expressão “pelo amor de Deus" foi criada por Michelangelo (1475-1564), quando pediu para que o enérgico e ambicioso papa Julio II lhe pagasse pela pintura que estava realizando no teto da Capela Sistina. 

Papa Júlio II mantinha difíceis relações com Michelangelo.

Convocado pelo papa Júlio II para pintar a Capela Sistina em 1508, Michelangelo, aos 33 anos, teve a sua contratação criticada, por ser inexperiente na técnica do afresco. Tratava-se da execução de um dos maiores projetos do gênero, compreendendo uma superfície de 1.100 metros quadrados. Por meio de exemplos visuais inovadores e irresistíveis, a abundância de figuras e prodigalidade artística de Michelangelo combinaram-se com sua genial arte para conceber cenas do Antigo Testamento. 

Detalhe do teto da Capela Sistina: Criação do homem.

Dia 10 de maio de 1508, começou o colossal trabalho. A primeira atitude do artista foi recusar o andaime construído especialmente para a obra, por Bramante. Determinou que se fizesse outro, segundo suas próprias ideias. Em seguida, dispensou os pintores que lhe haviam sido dados como ajudantes e instrutores na técnica do afresco. Por fim, resolveu pintar não só a cúpula da capela mas também suas paredes. 

Michelangelo cobriu o amplo teto com milhares de desenhos preciosos de corpos tão detalhados, que a moderna anatomia ainda pesquisa músculos ali retratados.

Por mais de um ano, o trabalho avançou muito lentamente, então o papa não lhe pagou uma moeda, sequer. Sua família o atormentou com constantes pedidos de dinheiro. Impaciente com a demora da obra, o papa constantemente tirava-lhe a concentração para saber se o projeto andava. O diálogo era sempre o mesmo: 

- Quando estará pronta a minha capela? 
- Quando eu puder! 

Irritado, Júlio II fez um monte de ameaças e chegou a agredir o artista à golpes de bengala, que tentou fugir de Roma. Mas, o papa pediu desculpas e fez com que lhe fosse entregue, por fim, a soma de 500 ducados. 

Teto da Capela Sistina.

Michelangelo retomou a tarefa e no Dia de Finados de 1512, retirou os andaimes que encobriam a perspectiva total da obra. A decoração estava pronta. A data dedicada aos mortos convinha bem à inauguração dessa terrível pintura, plena do Espírito do Deus que cria e que mata. Todo o Antigo Testamento está retratado em centenas de figuras e imagens dramáticas, de incomparável vigor e originalidade de concepção: o corpo vigoroso de Deus retorcido e retesado no ato da criação do Universo; Adão que recebe do Senhor o toque vivificador de Sua mão estendida, tocando os dedos ainda inertes do primeiro homem; Adão e Eva expulsos do Paraíso; a embriaguez de Noé e o Dilúvio Universal; os episódios bíblicos da história do povo hebreu e os profetas anunciando o Messias. Visões de um esplendor nunca antes sonhado. Imagens de beleza e genialidade, momentos supremos do poder criador do homem. 

Fonte: Gênios da Pintura, do Círculo do Livro.

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