domingo, 21 de outubro de 2012

Estrigas, o Nilo daqui, por Carlos Macedo

"Totonho,

De cá, um abraço beradeiro do amigo quase sempre intanguido de timidez. No vento do abraço um texto sobre Estrigas, velho marinheiro merecedor de muitas homenagens. Vou também invisível de desimportância quase útil, acoroçoado de viver macio, beradeiramente.

Grande e fraterno abraço,

Carlos Macêdo (Um índio da tribo dos Kariris, em missão diplomática pela capital)

Estrigas.

Estrigas, o Nilo daqui

por Carlos Macedo

Com quantos Estrigas se faz uma cangalha? Desses de cá, cangalha e meia é feita de um só. Mondubim que se ajuste a silêncio sábio de bigode aprumado no rosto esguio desse pintor que beira século como se fosse nadica de nada. Menos a memória do que o jeitão onde a lembrança já basta ou passa da conta, de tamborilador e contador dos casos que fizeram mundo, encanta ouvinte que nem precisa ser desatento, esse vagueador insone. 

Problema seu não é de resolver com guerra, mas basta palavra de bisturi dissecando conceito ou palpite de tocha clareando moita duvidosa e, pronto. Nariganga de berço, prestidigitador vocacionado, cínico de filosofia escolhida, olha de relance à volta deserta e prenuncia fim de mundo. Foi-se a dúvida e o antigo duvidoso resta satisfeito. 

De pincel a bacamarte é pulinho besta, ribomba o violeta cozido de rosa e azul hortênsia, ladeado de amarelo, avizinhado de figura poética, casal pênsil, solzinho dependurado na tarde longe, longe. Pintura é grito, meu rei!. 

A governança saída por ordem das cores deixa casamata, ganha os ares depois de romper fronteira de ocasião. Atelier que nada, é um bunker, esconderijo de se esconder de Deus e refazer mundo desviado de sua belezura original! Entre um silêncio e outro, palavra medida, desassossego nenhum e dois indicadores sob o queixo. Tivesse três, estariam lá segurando peso de cabeça fervente entregue a pensamentos apressados de não acontecerem. 

Devagarzinho desliza outro assunto. História das Artes, filosofia milenar da estética, desacontecimentos vão rebentando da traquinice intelectual tão distintamente que parecem orvalho despencado à boquinha da noite. Vida inteira devotando gosto à beleza esquiva de simplicidade suspirando paisagem discreta onde tempo nem chega a ser ficção. 

Estrigas traz por nome o mesmo do grande rio Africano nascido na borda do Vitória, desembocado no Mediterrâneo. Perto do Nilo de cá, aquele de lá é fio d'água, um riozinho de nada."

(Foto: Google)

2 comentários:

  1. Fantástico,ele merece todo esse lirismo, parabéns pela inspiração!


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  2. Brilhante.. tanto a homenagem, como o homenageado. Vidas que inspiram vidas.
    Parabéns, Carlos Macedo. Um gde abraço.
    Vânia Resende

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