domingo, 30 de dezembro de 2012

As “branca” ou as “maiada”?

Essa história quem me contou foi o Alex Figueiredo.


Em passagem pelo sertão cearense, um engenheiro agrônomo foi convidado a visitar uma pequena propriedade no distrito de Caracará, no município de Sobral. Ao chegar na fazendola o agrônomo avistou o proprietário, um tradicional matuto, pastorando algumas vacas. 

- Bom dia! Saudou o agrônomo, ao mesmo tempo em que o matuto também já respondia. 

E o agrônomo: 

- Olha que eu sou acostumado com clima quente, mas não sei explicar a razão de tanto calor aqui! 
- “Doutô, né prumode” a quentura, não? 
- É, tem razão... Mas, e tem chovido por aqui? 
- Faz tempo, “sinhô”... 

E mudando de assunto: 

- E as vaquinhas, quantas são? 

E o matuto: 

- As “branca” ou as “maiada”? 
- As brancas. 
- Umas sete... 
- E as malhadas? 
- “Tombém”. 

O agrônomo prosseguiu: 

- E quanto pesa cada uma delas? 
- As “branca” ou as “maiada”? 
- As malhadas. 
- Uma pela outra... uns “trezento” quilo... 
- E as brancas? 
- “Tombém”. 

E o agrônomo mais uma vez: 

- E quantos litros de leite cada uma dá? 
- As “branca” ou as “maiada”? 
- As brancas. 
- Uma pela outra... uns nove litro... 
- E as malhadas? 
- “Tombém”. 

O agrônomo, medonhamente invocado com a maneira do matuto responder, falou: 

- Meu senhor, não é por nada não, mas uma coisa aqui está me intrigando... 
- E “quequié”? 
- Toda vez que lhe pergunto, você antes de responder pergunta: As “branca” ou as “maiada”? 
- Sei... 
- E quando escolho uma você me responde uma coisa... 
- Sim... 
- E quando pergunto pela outra você me responde a mesma coisa... 
- Sei... 
- O que não entendo é o seguinte: por que o senhor não me responde logo sobre as duas? 
- É “pruquê” as “maiada” são minha... 
- E as brancas? 
- “Tombém”...

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