quarta-feira, 6 de maio de 2015

No toalete


A história que vou contar aconteceu em uma casa de arte, em São Paulo, por ocasião do vernissage de uma exposição de um artista alemão. 

Pois bem, depois de percorrer as salas que acolhiam as pinturas e os vídeos, pousei no salão em que as pessoas se agrupavam. Conversa vai, conversa vem, no balcão do bar, passei a provar uns drinques quando me sugeriram que eu fosse visitar o toalete da casa que era bastante interessante.

Aceitando a indicação, mesmo com a bexiga vazia, decidi ir conferir o lugar. De fato era curioso, pois a ambientação era cenográfica, com uma pequena sala de leitura com muitos livros em bem ilustradas prateleiras. Não passei de sua porta, quando percebi que uma garota de cabelos encarnados e de franja, com lábios e unhas negras, enfeitada de piercings de tudo quanto era espécie e trajando um recortado vestido negro repleto de tiras, se chegava ao toalete. Percebendo que ela dirigia-se para lá, em jeito de quem marcava lugar em fila, expliquei:

- Por favor, pode entrar. Eu só estou olhando...

Para surpresa minha, ela retrucou:

- Ô meu, eu vou entrar, mas é só! Não quero ninguém me olhando, não!

Aí, ela entrou, bateu a porta e eu nem tive como me explicar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário