domingo, 25 de outubro de 2015

Roriz, o garanhão


No ano de dois mil e pouco, aproveitando o carnaval, decidimos de última hora viajar, sem a mínima pressa, parando em tudo quanto era lugar. Acompanhados das mulheres, seguíamos viagem divididos entre as camionetas do Danilo e do Assis. Em um outro comboio estavam Marcos e Wilton. O roteiro da turnê de ida foi Fortaleza, Natal, Baia da Traição, João Pessoa, Recife, Maragogi e Maceió. Na volta, Maceió, Praia da Pipa e, finalmente, Fortaleza. 

Muito bem, mas o que quero contar mesmo é sobre a nossa estada em João Pessoa. Havíamos passado o dia na Baia da Traição – onde nos encontramos com Gaubi e família –, de lá fomos à Cabedelo e chegamos só os cacos na capital paraibana. Após definirmos nossa hospedagem, ainda no entardecer, emendamos a programação até um restaurante típico, para depois finalizarmos o roteiro no bar do alinhado hotel. 

Depois do puxado programa, todos exaustos, fomos dormir. Ocorre que o silêncio da noite quebrou-se de maneira curiosa. Uma nervosa e gasguita voz feminina, de abusado sotaque carioca, urrava de prazer dizendo: - “Roriz, Roriz, diz que eu sou a tua vadia, Roriz!” E continuava: - “Roriz, Roriz, me mate de prazer, Roriz!” E persistia: - “Roriz, você é o macho que me faz puta, Roriz! Roriz, assim você me mata de gozar, Roriz”!" 

Liguei para o apartamento do Danilo:

- Danilo, tá escutando?!
- Rapaz, esse Roriz é o cão comendo mariola!
- E cuspindo o bagaço fora!

Abri a porta e quando coloquei a cabeça pra fora do quarto, dei de cara com uma ruma de hóspede também fazendo a mesma coisa, ou seja, buscando a origem dos gritos, mas ninguém conseguia encontrar. Em meio ao episódio, escutei de um casal, a mulher dizer para o marido: - “Você é um bosta! O homem é o Roriz!” Vixe! O Roriz era o que havia de mais macho naquela noite. 

Aí, o vuco-vuco foi murchando, enfraquecendo e sossegando, até o silêncio voltar a reinar naquele recinto e todos adormeceram. 

Na manhã seguinte, no restaurante para o café da manhã, o assunto era um só! Quem seria o espetaculoso Roriz? Ninguém sabia e muito menos o identificava. É que no salão, uma centena de hóspedes ocupava mesas, impedindo o reconhecimento do garanhão. Daí, eu tive a seguinte ideia: - "Roriz!" - gritei alto. 

Acompanhado de uma graúda e loura balzaquiana, um branquelo bem franzino, desconjuntado, de um metro e meio de altura, calvo e de óculos fundo de garrafa, trajando uma camiseta de manga cavada que mostrava o sovaco cabeludo e os braços bem finos, uma folgada bermuda de pano leve marcando o volume que guardava, levantou-se e procurou por quem o havia chamado. Rapaz, o Roriz era mesmo que tá vendo uma rã de bananeira! 

Então, em meio à assobios, o notívago pegador foi aplaudido e saudado pelo macharal e mulherio, em vibrante e repetido coro: - "Roriz! Roriz! Roriz!" 

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