segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Toalete de avião


Era a primeira vez que Arquelau viajava de avião, portanto, o seu traquejo na aeronave era zero! 

Pois bem, de tão insólito, esse feito de Arquelau entrou para o folclórico repertório do Bar do Carcará, lá pelas bandas da Estrada da Serrinha. 

E, contada por ele, a história é a seguinte: “Eu nunca tinha andado de asa dura. Aí, pra não bancar o abestado e o povo ficar mangando, fiquei só reparando como era que os outros faziam. Antes de arribar, a aeromoça começou a dizer isso e aquilo, num sei o que o que, com um pedaço de cinto na mão. Depois, pegou um copim de matéria plástica com um elástico e botou na cara. Pense numa marmota! 

Pois bem, quando o avião já tava pra avoar, ela chegou pra mim e perguntou se eu tava com o cinto amarrado, coisa e tal, e eu, todo destreinado, matutei: ‘Essa alma quer reza...’

Assim que o bicho pegou carreira e arribou, me deu um frio lascado no espinhaço! Eu fechei os olhos e disse: ‘Valei, meu Padim Ciço, seja o que Deus quiser!” 

Depois, a coisa serenou e eu fui ficando mais tranquilo. Me ofereceram um refresco numa caixinha, uns biscoitim sem graça, e eu só botando pra dentro. Quando já tava em tempo de me empanzinar, me bateu aquela vontade de ir pro banheiro pra verter água. E foi a minha zebra, pois pense num bicho apertado é banheiro de avião! 

Pra não sujar o chão, caí na besteira de mijar sentado. Aí, já que eu tava acocorado mesmo, mudei um pouco de ideia e passei pro número dois. Acabado o serviço, bem aliviado, nem me dei o trabalho de me levantar da sentina pra dar descarga. Taquei o dedo no botão e aí sucedeu a minha desgraça! Um vento dos inferno chupou foi tudo com os meus zovo junto! Apavorado, eu agarrei nos couro dos terém até onde pude. Deu certo, mas os bicho voltaram feito baladeira dos diacho, com mais de mil, e quando estalaram na beirada do boga, salpicou bosta pra tudo quanto foi canto! Chaupiscou as parede toda! 

Encalistrado, pra me limpar, acabei com o estoque do papel higiênico e ainda usei a minha samba-canção pra dar vencimento no limpamento do reservado. 

Na volta pra minha cadeira, o povo era só espiando pra mim e reclamando da catinga. Quando me assentei no meu lugar, Zefinha, minha santa patroa, frescou: ‘Já tá inventando moda, né, Arquelau? Vai chegar em São Paulo de sarda, é?”

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